Relatório síntese

No fim do mês de outubro de 2023 o Vaticano publicou o Relatório Síntese da XVI ASSEMBLEIA GERAL ORDINÁRIA DO SÍNODO DOS BISPOS
e orientações até outubro de 2024.

Pode encontrar aqui.
Orientações até 2024

Instrumentum laboris para a Segunda Sessão (outubro de 2024)

Notícias Vaticano

Sínodo: um processo imparável

03 out 2024

Há quem tenha muita esperança no Sínodo, sublinhe a necessidade de mudanças e peça a aplicação do método sinodal na vida das comunidades. Mas há muitas resistências. A segunda sessão da XVI Assembleia do Sínodo dos bispos decorre de 2 a 27 de outubro.

Imparável. Creio que seja esta a palavra que melhor define o estado do processo sinodal em curso na Igreja. A expressão não é minha, mas do padre redentorista Rui Santiago. Subscrevo e confirmo.

A liberdade do povo de Deus

O missionário da Congregação do Santíssimo Redentor afirma a sua profunda esperança no Sínodo, como sendo “uma espécie de solavanco eclesial que vai desencadear processos que são imparáveis. Tenho muita esperança no Sínodo”, diz.

Para o sacerdote, mais importante do que o documento final do Sínodo, é o processo que está desencadeado. Porque na História da Igreja “vai haver um antes e um depois deste Sínodo”, salienta.

“É a diferença entre um Sínodo do qual se espera um belíssimo documento, a um Sínodo, como é o caso deste, em que, seja qual for o documento final, é o que menos interessa. Porque o processo está desencadeado”. “Este processo é de facto imparável”, sublinha o missionário.

O padre Rui Santiago destaca ainda a liberdade que o povo de Deus sente neste processo sinodal. O “Sínodo está a ser um desencadear desta liberdade”. “O que eu acho que há de histórico neste momento tem a ver com a liberdade que o povo de Deus sente”, declara. Para o sacerdote, é também importante serem faladas neste Sínodo as questões sobre a estrutura da Igreja, mas mais significativo é fazer a experiência sinodal.

Resistências e inércias

Mas há muitas “resistências” ao Sínodo, como revela o teólogo José Eduardo Borges de Pinho, membro da Equipa Sinodal da Conferência Episcopal Portuguesa, em entrevista à Rádio Renascença e à Agência Ecclesia publicada em julho passado.

“Não me admira muito que haja resistências, não me admira muito que haja inércias”, afirma o professor jubilado da Universidade Católica Portuguesa, acentuando a necessidade de mudanças profundas na Igreja.

“Na minha leitura, há aqui mudanças, mudanças profundas que têm de ser feitas. São mudanças naturalmente de mentalidade, mas são, no fundo, verdadeiras conversões. Conversão do modo de proceder, do modo de olhar, do sentido das prioridades”, refere.

O teólogo alerta para o facto de que “as pessoas não desistem do poder” e preconiza que é necessária uma mudança com “humildade” e “disponibilidade”. Também de resistências à mudança se falou na Assembleia Mundial “Párocos pelo Sínodo” que decorreu em Roma de 29 de abril a 2 de maio. Neste encontro, que reuniu cerca de 200 párocos de todo o mundo, foi possível ouvir da boca dos sacerdotes, durante a partilha de experiências, que as principais resistências ao Sínodo vêm de padres e bispos.

Quem refere este facto é o padre Sérgio Leal, pároco de Anta e Guetim na diocese do Porto, que esteve nesta Assembleia Mundial por indicação da Conferência Episcopal Portuguesa. “Há ainda muita dificuldade em implementar processos sinodais nas dioceses”, afirma.

“Aquilo que diziam os padres na partilha era que os impedimentos não eram da parte dos fiéis, porque desses até se encontrava muita expectativa no processo sinodal, mas, quer no presbitério, quer da parte do bispo, tantas vezes, se encontravam resistências à implementação destes processos sinodais”, diz o sacerdote.

Rui Saraiva em Vatican News - Ler a notícia completa

Foto: Agência Ecclesia/OC

Foto: Sónia Neves

06 setembro 2024

“Coimbra tem uma mulher como diretora do jornal diocesano"

A jornalista Sónia Neves trabalhou 14 anos na Agência Ecclesia e assume agora a condução do “Correio de Coimbra”, o semanário daquela diocese. É a primeira mulher a dirigir um jornal diocesano em Portugal.

Sónia Neves é a nova diretora do jornal “Correio de Coimbra”. Após 14 anos a trabalhar na Agência Ecclesia, a jornalista vai dirigir e coordenar aquele jornal diocesano. Fomos ouvi-la neste seu início de colaboração.

Será este um novo tempo para a diocese de Coimbra ao nível da comunicação?

R: “Bem, não sei se podemos já chamar um tempo novo para a diocese de Coimbra, parece-me demais, para mim é seguramente um tempo novo. Depois de mais de 15 anos seguidos a trabalhar em jornalismo, eu tive aqui um tempo, cerca de um ano, apenas com algumas colaborações e aí surgiu esta oportunidade de voltar a tempo inteiro ao jornalismo, numa área que me é muito querida, que gosto, que me faz sentido e que me sinto à vontade, que é a área da religião. Como há um ano estou a viver na diocese de Coimbra, apareceu esta possibilidade, que acaba por ser fruto de um conjunto de realidades que se alinharam. A diocese de Coimbra tinha o jornal a iniciar uma nova fase e eu estava disponível. Trata-se de um jornal centenário, que carrega muita história com ele, com todos os diretores e colaboradores que ali passaram, e que agora eu vejo com muita esperança. Assumo como missão dar a conhecer a vida da diocese, o que se faz e o que se sonha, o que vai acontecendo. Entendo que o Correio de Coimbra, que recebo agora em versão online, tem de ser cada vez mais um jornal para todos, onde todos têm lugar e se possam rever na mesma fé, na mesma diocese. Todos, todos, todos como dizia o Papa Francisco na JMJ Lisboa 2023.”

Como estás a enfrentar este desafio? O que significa para ti?

R: “Este é seguramente um desafio e eu gosto de desafios. Sou natural da diocese de Aveiro, trabalhei em Lisboa e agora venho abraçar a diocese de Coimbra. Isto tudo, só por si, já é um grande desafio. É uma diocese que estou a descobrir aos poucos e que me tenho vindo a demorar em vários aspetos, com algumas transformações, numa dinâmica de 9 arciprestados e 36 unidades pastorais. Trata-se de um mundo novo, que entendo que o Correio de Coimbra tem de acompanhar, revelar e cativar. É uma publicação diocesana, que a diocese assume como gratuita, vivendo de donativos, e que me parece uma aposta interessante, como diz o bispo diocesano, D. Virgílio Antunes, na edição desta semana que a publicação assume uma ligação afetiva e crente com a Igreja Diocesana e com os seus membros e serviços, na abertura à comunidade humana, aos seus anseios e esperanças. Para mim significa uma grande responsabilidade, que encaro desde já, com a confiança que em mim é depositada, mas também com toda a abertura para fazer mais e melhor, atitude que sempre fui tendo por onde já passei. A área da comunicação é a minha formação e também neste sentido, ao nível profissional, estou aqui para ajudar. Entendo como muito importante, neste tempo, o diálogo da Igreja com a sociedade, é um caminho que se vai trilhando, mas que também tem que ser a comunicação cada vez mais a assumir aqui um papel importante.”

Esta é a primeira vez que uma mulher dirige um jornal diocesano em Portugal e lembro que o Papa Francisco diz que é necessário desmasculinizar a Igreja assumindo a dinâmica sinodal. Esta nomeação tem esta inspiração?

R: “Eu não sei se esta nomeação tem essa inspiração, mas quero acreditar que sim... Quero acreditar que as palavras e intenções do Papa Francisco vão fazendo eco nas decisões da vida da Igreja e também nesta terá tido, quero acreditar... Estou há poucos dias a trabalhar no Correio de Coimbra, nesta primeira edição que saiu esta quinta feira, mas já a acompanhar e a ler várias edições para me ir inteirando de toda a dinâmica noticiosa, e houve uma coisa que me chamou a atenção é que tem poucas mulheres a colaborar, a escrever no jornal. Mesmo nos contactos que tenho vindo a fazer, essencialmente com sacerdotes e colaboradores, foram poucos os contactos com mulheres. Mas acredito que, com essa intenção do Papa, que haja mais participação das mulheres e o desafio tem de ser lançado, o papel da mulher tem de ser valorizado e mostrado. Mesmo na diocese de Coimbra já percebi que há algumas mulheres leigas comprometidas nas dinâmicas diocesanas, acredito que haja esta vontade e há espaço para o fazer.”

Como vês o processo sinodal em Portugal, tendo em conta a tua participação na Rede Sinodal?

R: “Eu olhei para este processo sinodal como uma oportunidade, um caminho de reflexão e escuta, que foi acontecendo um pouco por todo o país, nuns sítios mais dinamizados que noutros, nuns locais mais animados que outros, mas agora parece-me que se encontra um pouco adormecido. Não quero que se entenda mal esta informação, porque sei que há coisas a acontecer, ainda que poucas, mas a semente leva o seu tempo a germinar. Aqui quando falas na Rede Sinodal, ela contou com a minha participação e fez-me estar atenta a todo este processo, a ler os vários documentos do Sínodo, a acompanhar e até ouvir algumas preocupações de leigos comprometidos na Igreja, em várias geografias, e estes leigos sentem o impulso de fazer diferente, que querem dialogar com outros e anseiam uma Igreja que acolha todos. Há que dar tempo para que as coisas vão acontecendo, que as águas se possam ir agitando e se possam ver mais casos práticos de sinodalidade.”

Sónia Neves iniciou as suas funções como diretora do Correio de Coimbra neste mês de setembro. Como referia na sua última resposta nesta curta entrevista, nos últimos meses desenvolveu uma especial colaboração com a Rede Sinodal em Portugal.

O site redesinodal.pt tem como missão abrir um espaço de informação sobre o Sínodo, apresentando num mesmo lugar o entusiasmo de quem está em movimento fazendo caminho juntos, na pluralidade e diversidade, promovendo o método sinodal em diálogo com o mundo.

Esta plataforma foi anunciada a todos os bispos e dioceses de Portugal e respetivas comissões sinodais, colocando-se ao seu serviço, tendo sido pedidos contributos sobre o andamento dos respetivos processos de trabalho sinodal.

Dessa primeira abordagem surgiu em março de 2024 uma síntese sobre o pulsar do Sínodo em Portugal. Foram também promovidos cinco encontros presenciais em cinco diferentes dioceses: Aveiro, Coimbra, Porto, Guarda e Lisboa. Recordemos que este projeto nasceu inspirado pelo livro coletivo “Não temos medo”, no qual também participou Sónia Neves e que publicou reflexões de várias personalidades portuguesas sobre a Jornada Mundial da Juventude Lisboa 2023 e o caminho sinodal.

Rui Saraiva em Vatican News

Foto: Rádio Vaticano

Relações, percursos e lugares no caminho sinodal da Igreja

17 julho 2024

“Como ser Igreja sinodal missionária” é o título do Instrumentum Laboris para a segunda sessão do Sínodo.

Foi apresentado no dia 9 de julho o Instrumentum Laboris (instrumento de trabalho) para a segunda sessão da XVI Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos bispos que terá lugar em Roma de 2 a 27 de outubro deste ano de 2024. Para além de uma introdução orientadora e da definição dos fundamentos da visão de uma Igreja sinodal missionária, o coração deste documento apresenta três partes com elementos essenciais da dinâmica sinodal: Relações, Percursos e Lugares.

Escuta e diálogo

O Instrumentum Laboris (IL) tem como título “Como ser Igreja sinodal missionária”. O documento é a base consolidada de três anos de um caminho de reflexão, de escuta e de discernimento nas comunidades eclesiais de todo o mundo. O texto sinodal recorda as “etapas diocesanas, nacionais e continentais, num diálogo contínuo impulsionado pela Secretaria Geral do Sínodo através de documentos de síntese e de trabalho”.

A primeira sessão da assembleia sinodal em 2023, com o seu Relatório de Síntese abriu caminho a uma consulta posterior às Igrejas locais, a partir de uma questão orientadora: “Como ser Igreja sinodal em missão?”. Este documento agora publicado será a base para a segunda sessão do Sínodo. Um ponto de chegada, mas também de partida, que prepara a aplicação da dinâmica sinodal na Igreja.

Processo não termina em 2024

“As duas Sessões não podem ser separadas e muito menos opostas: decorrem em continuidade e sobretudo fazem parte de um processo mais amplo que, de acordo com as indicações da Constituição Apostólica Episcopalis communio, não terminará no final de outubro de 2024”, recorda a introdução do IL assinalando o “caminho de conversão e de reforma que a Segunda Sessão convidará toda a Igreja a realizar”.

“Estamos ainda a aprender como ser Igreja sinodal missionária, mas é uma missão que experienciámos poder empreender com alegria”, diz o texto. O documento destaca especialmente a importância da metodologia sinodal da Conversação no Espírito, no caminho percorrido até ao momento.

Continuar a reflexão sobre o diaconado feminino

De destacar neste documento da Secretaria Geral do Sínodo “os aspetos da vida da Igreja abertos à participação das mulheres”, sendo referido que “frequentemente não são utilizadas” todas essas possibilidades de participação.

É afirmado que em algumas culturas há ainda uma clara “presença do machismo, sendo necessária uma participação mais ativa das mulheres em todos os setores eclesiais”. Recorda o Papa Francisco quando afirma que a perspetiva das mulheres “é indispensável nos processos decisórios e na assunção de funções nas diversas formas de pastoral e de missão”.

A este propósito, o IL informa que o tema do diaconado feminino “não será objeto dos trabalhos da Segunda Sessão”, sendo apontado que se “prossiga a reflexão teológica, com tempos e modalidades adequados”. Confia esse trabalho de amadurecimento a um dos grupos de estudo já em funcionamento no âmbito sinodal e que continuarão ativos em 2025.

Por uma conversão das “relações”

A Parte I do IL dedica-se às “Relações” e afirma que “ao longo de todo o processo sinodal e em todas as latitudes emergiu a exigência de uma Igreja não burocrática, mas capaz de nutrir as relações”.

O texto salienta que “a sinodalidade, enquanto exigência da missão, não é entendida como um expediente organizativo, mas sim vivida e cultivada como o conjunto das formas segundo as quais os discípulos de Jesus tecem relações solidárias, capazes de corresponder ao amor divino que continuamente os reúne e que são chamados a testemunhar nos contextos concretos em que se encontram”.

“Compreender como ser Igreja sinodal em missão passa, portanto, por uma conversão relacional, que reoriente as prioridades e as ações de cada um, nomeadamente daqueles que têm a missão de animar as relações ao serviço da unidade, no concreto de uma partilha de dons que liberta e enriquece todos”, refere o texto. Especial destaque nesta parte do documento para o encontro “Párocos pelo Sínodo” que decorreu este ano no Vaticano e no qual foi sugerida “uma compreensão renovada do Ministério ordenado no horizonte da Igreja sinodal missionária”.

Propõe uma reflexão sobre “as relações, estruturas e processos que podem favorecer uma visão renovada do Ministério ordenado, passando de um modo piramidal de exercitar a autoridade para um modo sinodal”, revela o texto. “No âmbito da promoção dos carismas e ministérios batismais, é possível implementar uma reativação das funções cuja execução não exige o sacramento da Ordem. Uma distribuição mais articulada das responsabilidades poderá indubitavelmente favorecer também processos decisórios caracterizados por um estilo mais claramente sinodal”, refere o documento.

“Percursos” de formação, discernimento e decisão

A Parte II – Percursos, “põe em evidência os processos que asseguram o cuidado e desenvolvimento das relações, em particular a união a Cristo com vista à missão e à harmonia da vida comunitária, graças à capacidade de enfrentar em conjunto conflitos e dificuldades”. Destaque especial para a importância da formação. “Para muitos, a participação nos encontros sinodais constituiu uma ocasião de formação sobre o conhecimento e a prática da sinodalidade”. Ou seja, conhecer o “modo como o Espírito atua na Igreja e a guia ao longo da história”, diz o texto.

“Não pode ser uma formação exclusivamente teórica”, alerta o IL, assinalando “a necessidade de uma formação comum e partilhada, na qual tomem parte homens e mulheres, Leigos, Consagrados, Ministros ordenados e Candidatos ao Ministério ordenado, permitindo assim aumentar o conhecimento e a estima recíprocos, bem como a capacidade de colaboração”. “Solicita-se igualmente que seja prestada especial atenção à promoção da participação das mulheres nos programas de formação, ao lado de Seminaristas, Sacerdotes, Religiosos e Leigos”, refere o texto.

O IL refere que “o ponto de partida e o critério de referência de todo o discernimento eclesial é a escuta da Palavra de Deus”. Sustenta que “o discernimento envolve todos, tanto os que participam a nível pessoal como comunitário, exigindo cultivar disposições de liberdade interior, abertura à novidade e abandono confiante à vontade de Deus, e permanecer à escuta uns dos outros, a fim de escutar «o que o Espírito diz às Igrejas»”, diz o documento.

“Um processo de discernimento articula concretamente comunhão, missão e participação. Por outras palavras, é um modo de caminhar juntos.”, salienta o IL. Especial destaque também neste documento de trabalho para os processos de decisão, sendo sublinhado que na “Igreja sinodal toda a comunidade, na livre e rica diversidade dos seus membros, é convocada para rezar, escutar, analisar, dialogar, discernir e aconselhar na tomada de decisões pastorais”.

Nos “lugares” superar o modelo piramidal

Finalmente, a Parte III do IL dirige a sua atenção aos “Lugares”, no seu registo de contexto e de cultura. “A vida sinodal missionária da Igreja, as relações que a integram e os percursos que asseguram o seu desenvolvimento, nunca podem prescindir do concreto de um ‘lugar’, ou seja, de um contexto e de uma cultura”, diz o documento sinodal.

“Esta Parte III convida-nos a superar uma visão estática dos lugares, que os ordena por níveis ou graus sucessivos (Paróquia, zona, Diocese ou Eparquia, Província Eclesiástica, Conferência Episcopal ou Estrutura Hierárquica Oriental, Igreja universal) segundo um modelo piramidal”, refere.

Segundo o IL, “o anúncio do Evangelho, suscitando a fé no coração dos homens e das mulheres, permite que num lugar se constitua uma Igreja. A Igreja não pode ser compreendida sem implementação num lugar e numa cultura e sem as relações que se estabelecem entre lugares e culturas. Destacar a importância do lugar não significa ceder ao particularismo ou ao relativismo, mas sim valorizar a realidade concreta em que, no espaço e no tempo, se constrói uma experiência partilhada de adesão à manifestação de Deus salvador”.

Especial nota neste documento sinodal para o facto de que “a pertença à Igreja, manifesta-se, atualmente, com um número crescente de formas que não remetem para uma base geograficamente definida, mas para ligações de tipo associativo. Esta variedade de formas é promovida, tendo sempre presente a perspetiva missionária e o discernimento eclesial daquilo que o Senhor pede em cada contexto particular”.

É sublinhada a necessidade de serem valorizados os conselhos paroquiais e diocesanos como “instrumentos essenciais para o planeamento, a organização, a execução e a avaliação das atividades pastorais”. Estes conselhos podem incluir alguns aspetos de “estilo sinodal”: “podem ser alvo de processos de discernimento eclesial e de processos decisórios sinodais e lugares da prática da prestação de contas e da avaliação de quem exerce cargos de autoridade, sem esquecer que, por sua vez, estas pessoas devem dar conta do modo como desempenham as suas funções”, refere o documento da Secretaria Geral do Sínodo.

No seu penúltimo ponto (111) o IL revela que este documento “interroga-se e interroga-nos sobre como ser uma Igreja sinodal missionária; como nos empenharmos numa escuta e num diálogo profundos; como sermos corresponsáveis à luz do dinamismo da nossa vocação batismal pessoal e comunitária; como transformarmos estruturas e processos de modo a que todos possam participar e partilhar os carismas que o Espírito infunde em cada um para benefício comum; como exercer poder e autoridade como serviço. Cada uma destas perguntas é um serviço à Igreja e, através da sua ação, a possibilidade de curar as feridas mais profundas do nosso tempo”, diz o IL.

Rui Saraiva em Vatican News

Foto: Vaticano

Sínodo: “temos de passar do eu isolado a um nós comunitário”

17 junho 2024

O padre Sérgio Leal sublinha a importância do método da “conversação no Espírito” utilizado no Sínodo e o seu potencial “para a projeção pastoral de um plano pastoral diocesano ou paroquial”. “Permite escutar o outro, ser escutado e sobretudo escutar o Espírito Santo”, declara.

O padre Sérgio Leal, habitual colaborador da Rádio Vaticano e do portal Vatican News, esteve na Assembleia Mundial “Párocos pelo Sínodo” que decorreu em Roma de 29 de abril a 2 de maio sobre o tema “Como ser uma Igreja local sinodal em missão?”. O sacerdote português participou neste evento como pároco de Anta e Guetim na diocese do Porto.

Escutar o outro, ser escutado e escutar o Espírito Santo

Completando as mais recentes reflexões que tem vindo a partilhar, o padre Sérgio Leal sublinha a importância do método da “conversação no Espírito” utilizado no Sínodo e o seu potencial “para a projeção pastoral de um plano pastoral diocesano ou paroquial”. “Permite escutar o outro, ser escutado e sobretudo escutar o Espírito Santo”, declara.

Assinala que na assembleia “Párocos pelo Sínodo” alguns sacerdotes referiram as suas preocupações com as muitas resistências que vão sentir na aplicação do caminho da sinodalidade nos seus países e comunidades. Mas é importante estarmos “todos sintonizados com este caminho da sinodalidade”, diz o padre Sérgio Leal.

“Temos que estar todos sintonizados com este caminho da sinodalidade. Um dos padres do meu grupo, uma das coisas que partilhava na avaliação final era: ‘isto foi tudo muito belo, foi tudo tão importante, percebemos que este é o caminho para a Igreja, mas como é que podemos levar isto? Eu, na assembleia do clero que vou ter daqui a pouco tempo, se lá quiser falar sobre isto encontrarei muitas resistências’. Encontraremos sempre resistências à sinodalidade, mas é impossível não olhar para ela como o estilo que o Senhor nos pede que abracemos hoje. Até porque a sinodalidade é o único modo de ser Igreja, caminhando em conjunto na variedade dos dons, carismas e serviços. E é a isto que se chama sinodalidade. Sinodalidade significa dizer Igreja, sinodalidade significa uma Igreja que procura ser fiel à vontade de Deus, respondendo aos desafios de cada tempo. Este processo de conversação no Espírito é um processo fundamental, até para a resolução de conflitos numa comunidade, para a projeção pastoral de um plano pastoral diocesano ou paroquial, porque nos permite escutar o outro, ser escutado e sobretudo escutar o Espírito Santo no meio de tudo isto. Na metodologia sinodal encontramos em cada grupo o chamado facilitador ou facilitadora, no nosso caso era uma religiosa. E o seu papel era ajudar-nos a ser fiéis à metodologia que nos tinha sido pedida, conduzir os trabalhos, mas com a toda a liberdade de irmos onde os Espírito nos levasse”, salienta.

Pároco que preside sozinho, caminhará sozinho

Para o sacerdote, se um pároco preside sozinho a uma comunidade, não promovendo um discernimento comunitário com os paroquianos, corre o risco de ficar a caminhar sozinho.

“O pároco tem a missão de presidir à comunidade e é aquele que preside em nome de Cristo, cabeça e pastor, mas se preside sozinho caminhará sozinho e não existe paróquia. O pároco preside na comunhão daqueles que lhe estão confiados e não preside de modo autorreferencial. Ele não é o princípio e fim de todas as coisas. O princípio e fim de todas as coisas é Nosso Senhor e tudo o resto se coloca ao serviço d’Ele. A missão do pároco de presidir à comunidade é fundamental, mas preside neste discernimento comunitário. E por isso há aqui uma conversão pastoral que é fundamental para as paróquias, porque o processo sinodal só é possível numa lógica de fraternidade e de comunhão. E isso exige muita conversão pessoal. Porque somos humanos e temos limitações. Porque achamos que a nossa opinião é sempre a melhor. E por outro lado, há uma conversão pessoal e pastoral a este novo modo de ser Igreja, que não é novo, é o modo de sempre, é o modo do Evangelho. A Igreja dos Atos dos Apóstolos que escutamos ao longo do Tempo Pascal: uma Igreja que em comunhão procura encontrar os caminhos do Espírito. É este o caminho sinodal. Temos de passar do eu isolado a um nós comunitário. E é este nós comunitário, iluminado e guiado pelo Espírito, que transforma a paróquia num verdadeiro lugar de exercício sinodal. Isto passa por uma conversão do ministério ordenado e das comunidades, para que se estabeleçam como tal, como comunidades. Porque se o padre vive em modo isolado da comunidade e decide tudo de modo autónomo e independente da comunidade ficará sozinho na concretização de um plano pastoral. Envolver as pessoas, envolver os leigos na construção e projeção paroquial e pastoral significa em primeiro lugar reconhecer o seu batismo e que são imprescindíveis porque são batizados e porque possuem competências humanas que o pároco não possui. Porque possuem competências sociais e relacionais que o pároco não possui. Porque têm diferentes dons e um carisma diferente. E nesse sentido, valorizar esta riqueza da comunidade permite envolver a comunidade na projeção pastoral e por isso teremos a comunidade connosco na execução desse projeto pastoral”, salienta o sacerdote.

Por um processo de aplicação do Sínodo

O especialista em sinodalidade, procurando lançar um olhar para o que deve ser feito depois da segunda sessão da XVI Assembleia Geral do Sínodo dos bispos, sugere que a Secretaria Geral do Sínodo deveria promover um processo de aplicação do Sínodo.

“O pior que nos podia acontecer era que terminada a assembleia sinodal (em Roma) fazer-se a exortação pós-sinodal e ser de modo livre a aplicação do Sínodo. A Secretaria Geral do Sínodo deveria promover um processo de aplicação do Sínodo. Isto é, assim como houve uma fase de escuta inicial onde se envolveu todas as igrejas locais e as comunidades, deveria haver um momento posterior onde voltávamos aí. E creio que o exercício proposto pela Secretaria Geral do Sínodo deveria ser evidente: partirem da escuta que fizeram e dos desafios que foram lançados pela assembleia e voltar a essas comissões e assembleias sinodais, agora já não para fazer um novo processo de escuta, mas para aplicarmos em discernimento comunitário, até porque as comunidades foram exercitadas neste dinamismo sinodal e dizerem como é que podemos ser Igreja sinodal em missão aqui na comunidade em que estamos”, assinala.

O padre Sérgio Leal recorda um comentário que ouviu, muitas vezes, em várias ações de formação que fez nas dioceses de Portugal: “agora é que devíamos fazer a assembleia sinodal porque percebemos o que é a sinodalidade”.

“Este processo sinodal conheceu diferentes ritmos em Portugal. Em virtude do meu estudo ser sobre a sinodalidade, eu tive a graça e o privilégio de percorrer várias dioceses do país, quer com padres, quer com assembleias diocesanas e percebi os diferentes ritmos e comunidades que me diziam ‘agora é que devíamos fazer a assembleia sinodal porque percebemos o que é a sinodalidade’. Portanto, há aqui diferentes ritmos neste processo sinodal. E eu creio que o maior erro pode ser o de achar que terminada a escuta diocesana dizer que isto agora é com Roma. Agora é com a Secretaria Geral do Sínodo. Este período não devia ter significado para nós dioceses, para a Conferência Episcopal, para as comunidades, esperar para ver o que Roma vai dizer. Nós fizemos uma escuta local, houve paróquias que não aderiram, certo, é compreensível, houve dioceses onde o trabalho de escuta sinodal não foi tão grande, também é percetível e compreensível, mas agora não deviam ter parado isso. Se há uma síntese que tiveram que enviar para a Conferência Episcopal, então que isso seja a base de trabalho. Há uma síntese nacional então que seja a base de trabalho para a Conferência Episcopal em Portugal. Isto é, fazer deste tempo de Sínodo, um tempo de Sínodo aqui. Roma está a trabalhar, aguardamos os seus ecos, como o Relatório de Síntese (da primeira sessão) que é um bom Relatório com questões em aberto e propostas que deviam voltar às comunidades e não apenas para respondermos outra vez ao Sínodo, mas para respondermos aqui à nossa realidade concreta. E tanto mais necessitamos, quanto mais temos, tantas vezes, um discurso pessimista sobre a pastoral em Portugal, quando dizemos que a evangelização encontra tantas dificuldades e que a secularização invadiu a Igreja. Mas temos ainda capacidade de mobilização como vimos com a Jornada Mundial da Juventude, que podia ter sido um laboratório de sinodalidade, não só a Jornada em si, mas o caminho que fizéssemos depois com os jovens, com as famílias de acolhimento, de voltarmos a envolver essa gente agora para o processo sinodal”, afirma o sacerdote.

O padre Sérgio Leal no passado mês de fevereiro concluiu o seu doutoramento em Teologia Pastoral, na Universidade Lateranense em Roma, com uma tese intitulada “Pastores para uma Igreja em saída”. Um trabalho que centralizou o seu objeto de estudo no exercício do ministério pastoral numa Igreja sinodal.

A segunda sessão da XVI Assembleia Geral do Sínodo dos bispos terá lugar em Roma no próximo mês de outubro.

Rui Saraiva em Vatican News

Foto: Rui Saraiva

“Há ainda muita dificuldade em implementar processos sinodais nas dioceses”

06 junho 2024

Na Assembleia Mundial “Párocos pelo Sínodo” alguns sacerdotes revelaram que as principais resistências ao Sínodo vêm de padres e bispos. Disto nos fala o padre Sérgio Leal, da diocese do Porto, assinalando que o exercício sinodal é imprescindível para a renovação eclesial..

A Assembleia Mundial “Párocos pelo Sínodo” decorreu em Roma de 29 de abril a 2 de maio sobre o tema “Como ser uma Igreja local sinodal em missão” e nela participou o padre Sérgio Leal, pároco de Anta e Guetim na diocese do Porto, por indicação da Conferência Episcopal Portuguesa.

Variedade de culturas com dificuldades em comum

O especialista em sinodalidade, assinala a catolicidade deste encontro com a presença de párocos de 90 países. Sublinha que na variedade das expressões de vivência da fé, há dificuldades em comum, não obstante as diferentes geografias de cada pároco.

“Em primeiro lugar temos que dizer que se tratava de um encontro no qual estávamos quase 200 párocos de 90 países e dos 5 continentes. A primeira grande impressão é esta experiência de catolicidade que ali pude viver. Uma experiência verdadeiramente eclesial de conhecer e perceber diferentes realidades, onde o mesmo Evangelho encarna e encontra diferentes formas de expressão. No meu grupo de trabalho, que era de língua italiana, tínhamos desde um padre da Eslováquia à Sérvia, ao Chile, um padre de 25 anos que tinha sido ordenado em setembro passado nas Filipinas, até a um monsenhor de Nápoles com 80 anos. Isto é, uma variedade de experiências e de culturas. Uma variedade de expressões e de vivência da fé, onde encontramos pontos em comum do modo como vivemos a fé, dificuldades que são comuns, mesmo com geografias tão diversas, mas também com prioridades tão diferentes.

Quando na Europa ocidental andamos preocupados com o número de vocações, ou com processos burocráticos de acesso ao batismo, encontramos depois padres onde a prioridade é ajudar os seus fiéis em contexto de guerra, como é o caso da Moldávia ou da Ucrânia, ou então países de domínio islâmico onde celebram a Eucaristia sabendo que uma bomba pode rebentar a qualquer momento. Portanto, esta experiência de catolicidade é já uma expressão daquilo que deve ser a sinodalidade.

Por outro lado, este encontro confirma em mim que a sinodalidade é o caminho imprescindível para a Igreja enfrentar os desafios do novo milénio. Isto é, a sinodalidade é um caminho fundamental para a renovação eclesial. Este encontro sinodal de párocos adotou a metodologia sinodal da conversação no Espírito, que para mim foi o confirmar da importância dela para uma verdadeira renovação eclesial. De que a renovação da Igreja acontece quando juntos procuramos escutar a voz do Espírito Santo olhando a realidade e sendo fiéis à Palavra que o Senhor nos deixou. Porque este é o exercício sinodal: numa fidelidade criativa à tradição encontrarmos os caminhos que o Senhor nos está a pedir aqui e agora”, afirma.

Missionários da sinodalidade

O sacerdote português salienta a importância da iniciativa de dar voz aos párocos e considera que o desafio lançado pelo Papa destes serem missionários da sinodalidade é uma grande responsabilidade.

“Isto é uma grande responsabilidade a que o Papa nos confiou de sermos missionários da sinodalidade. Que aquilo que ali vivemos o pudéssemos trazer para o nosso país. O Papa, com certeza, da parte do cardeal Grech e do cardeal Lazarus, teve ecos daquilo que tinha sido a assembleia sinodal, daquilo que foi a partilha dos grupos e onde se reafirmou a importância deste encontro. Os padres manifestaram isso na conversa com o cardeal Grech, manifestamos a alegria de podermos ser chamados a pronunciarmo-nos sobre a realidade paroquial. O cardeal Grech devolvia a resposta dizendo que era importante ouvir os párocos, que eles estão diretamente na realidade e sobretudo que é aí que a Igreja acontece no contacto com o povo de Deus. De que esse é o primeiro lugar de exercício da sinodalidade”, sublinha.

Resistências ao processo sinodal

O padre Sérgio Leal recorda que o Papa, no encontro com os párocos, lançou os desafios da valorização dos carismas e dons presentes nas comunidades, da prática do discernimento comunitário e da vivência da comunhão e da fraternidade. Assinala que alguns sacerdotes que participaram na Assembleia Mundial “Párocos pelo Sínodo” revelaram que as principais resistências ao Sínodo vêm de padres e bispos. “Há ainda muita dificuldade em implementar processos sinodais nas dioceses”, afirma o sacerdote.

“O Papa começou por responder a um conjunto de perguntas muito interessantes. Uma delas era sobre as resistências à sinodalidade. Isto era também uma questão abordada nos trabalhos de grupo onde foi revelado que há ainda muita dificuldade em implementar processos sinodais nas dioceses. E aquilo que diziam os padres na partilha era que os impedimentos não eram da parte dos fiéis, porque desses até se encontrava muita expectativa no processo sinodal, mas sobretudo quer no presbitério, quer da parte do bispo, tantas vezes se encontravam resistências à implementação destes processos sinodais. E o Papa pede que se caminhe de coração livre, que seja o Espírito o protagonista da ação da Igreja e que isto só poderá acontecer abraçando uma Igreja sinodal.

E o Papa lançava três desafios fundamentais aos párocos e às comunidades paroquiais: em primeiro lugar valorizar os dons e carismas que o Espírito suscita em cada comunidade. Não ter medo da diversidade e fazer dela lugar de comunhão. Valorizarmos os dons e carismas dos fiéis, de todos e de cada um, porque cada um é uma pedra fundamental na construção eclesial. Depois em segundo lugar, o processo de discernimento comunitário, abraçarmos processos de discernimento comunitário. O Papa dizia de modo muito simples e franco: ‘há um problema, sentai-vos juntos à mesa, conversai sobre ele, dizei cara-a-cara’. Falava até de um pecado das comunidades que é o da coscuvilhice e do dizer mal um dos outros. ‘Ou dizeis cara-a-cara ou então mastigai e engoli’, disse o Papa. Se há um problema na comunidade então conversamos sobre ele. E conversamos, não a partir dos nossos princípios ou ideias, mas a partir daquilo que o Espírito suscita em nós. Este processo de discernimento comunitário ou dito de outro modo, a conversação no Espírito, que foi a metodologia adotada pelo Sínodo, para mim foi de facto muito importante vivê-lo na assembleia sinodal dos párocos, porque me permite confirmar da importância da adoção deste modelo nas nossas estruturas sinodais, sejam os conselhos paroquias de pastoral, sejam os conselhos diocesanos. A importância deste modelo que nos liberta da autorreferencialidade e nos permite centrarmos no que o Espírito nos diz e ser capazes de partilhar isto escutando o outro. E finalmente, o Papa pedia a comunhão e a fraternidade apelando em primeiro lugar entre nós os presbíteros, depois entre os presbíteros e o bispo, mas numa paróquia isto tem que ser alargado à comunhão e à fraternidade entre todos”, diz o sacerdote.

A Assembleia Mundial “Párocos pelo Sínodo” recolheu a reflexão de mais de 200 párocos em ritmo de oração, de escuta e de partilha de experiências. De Portugal, por indicação da Conferência Episcopal Portuguesa, estiveram em Roma o padre Sérgio Leal, da diocese do Porto e o padre Adelino Guarda da diocese de Leiria-Fátima. Também da diocese do Porto esteve na Assembleia de párocos, a convite da Secretaria Geral do Sínodo, o padre António Bacelar.

As conclusões desta grande assembleia de párocos de todo o mundo serão contributo relevante para a elaboração do Instrumentum Laboris, o documento de trabalho para a segunda sessão da XVI Assembleia Geral do Sínodo dos bispos do próximo mês de outubro.

Rui Saraiva em Vatican News

Foto: Rui Saraiva

“O Sínodo é a grande etapa seguinte depois do Concílio Vaticano II”

29 maio 2024

O padre António Bacelar é pároco da Maia na diocese do Porto e participou na Assembleia Mundial “Párocos pelo Sínodo”. Assinala a importância da experiência do método da conversação no Espírito que se está a aprofundar na Igreja com o Sínodo.

Foi a convite da Secretaria Geral do Sínodo que o padre António Bacelar participou na Assembleia Mundial “Párocos pelo Sínodo” que decorreu em Roma de 29 de abril a 2 de maio sobre o tema “Como ser uma Igreja local sinodal em missão”.

Nela participou com grande entusiasmo levando consigo na bagagem a recente experiência como pároco na cidade da Maia, a que se junta uma experiência anterior como pároco das Antas na cidade do Porto, serviço que acumulou durante 8 dos 26 anos em que foi diretor da pastoral universitária na diocese do Porto.

A espiritualidade dos focolares no caminho

Hoje com 63 anos e um acumulado de intenso trabalho pastoral, sobretudo com os jovens universitários, o padre António Bacelar cumpriu nos últimos 9 anos em Roma um serviço de âmbito global como responsável de um dos ramos do Movimento dos Focolares, o dos presbíteros e diáconos permanentes diocesanos que aderem àquela espiritualidade e se afirmam focolarinos. Uma experiência que o levou pelo mundo em serviço de acompanhamento pastoral.

“Esta última década, foram 9 anos, por isso quase 10 anos, foi de um serviço para o qual fui eleito de responsável de um dos ramos do Movimento dos Focolares que é o dos presbíteros e diáconos permanentes diocesanos focolarinos, padres e diáconos diocesanos que aderem à espiritualidade e que fazem dela o seu modo de estar e de ser e de construir a Igreja local. Foi um trabalho com um respiro universal, ainda que o trabalho fosse feito a partir de Roma, estar junto dos colegas e dos irmãos e das realidades que animam foi uma preocupação e também uma possibilidade que me levou aos três continentes fora da Europa exceto a Austrália. Foi sobretudo a partilha de tantas experiências e de tanta diversidade”, refere.

A espiritualidade dos focolares ajudou a fazer caminho e a tentar “perceber aquilo que Deus nos pede”, revela o sacerdote. “A espiritualidade dos focolares é dita de comunhão, onde a experiência de caminho juntos e de olhar juntos as realidades e perceber aquilo que Deus nos pede acreditando e tentando exprimir a experiência do ressuscitado sempre mais forte no meio de nós, é uma nota característica. E que também nos ajuda, e foi nesse sentido que fui a este encontro em Roma, a pormo-nos numa posição de podermos acolher tudo aquilo que vive na Igreja. Uma característica fundamental da experiência dos focolares é a do diálogo a todos os níveis, não só inter-religioso e ecuménico, com o mundo da cultura, mas também dentro da própria Igreja. Mas ninguém é mestre na comunhão, todos somos aprendizes e discípulos e faz-se no acolhimento da diversidade”, salienta.

Voltar à fonte que é Deus para evitar o clericalismo

Para o padre António Bacelar “não há caminho sinodal, sem a contínua conversão de cada um. Isto é, sem o irmos à fonte e a fonte é Deus”.

“O andamento do Sínodo é o andamento da Igreja, porque a Igreja é Sínodo e o Sínodo é Igreja. Aquilo que partilhei com os colegas que faziam parte do meu grupo é que não há Igreja, não há caminho sinodal, sem a contínua conversão de cada um. Isto é, sem o irmos à fonte e a fonte é Deus. No caminho sinodal toca-se algo, que às vezes pode ficar distante do nosso quotidiano, é que a Igreja é de Deus. E este de Deus não é um ornamento. É aquele que a conduz, que a inspira que a leva. Hoje quando gravamos esta conversa estamos em Solenidade de Pentecostes e o caminho sinodal parece-me que traz este fruto. Eu vejo sempre este reconduzir-nos à fonte e celebrar e construir a Igreja por aquele que de facto a conduz e que é Deus. E isto desdobra-se na história, nas culturas diferentes, nas dificuldades que muitas vezes uma Igreja muito em volta da hierarquia e dos padres, pode constituir uma dificuldade. Quando se fala do clericalismo, fala-se da tentação por parte dos padres, mas também da parte dos leigos. Trata-se de uma conversão de mentalidade de que o Sínodo é um passo muito importante”, sublinha.

A importância da experiência do método sinodal

Da assembleia mundial de párocos, o sacerdote português assinala a partilha de sonhos, de visões e dificuldades, mas sobretudo a experiência do método da conversação no Espírito que se está a aprofundar na Igreja com o Sínodo.

“Poder participar com párocos de todo o mundo, neste contexto do caminho do Sínodo, poder partilhar experiências, partilhar sonhos, visões e dificuldades, foi absolutamente extraordinário. Extraordinária também a experiência do método que se está a desenvolver e aprofundar na Igreja com o Sínodo e de que este encontro foi parte, este método de discernimento usando a conversação no Espírito nos diversos grupos onde o encontro se desenrolou”, assinala.

O padre António Bacelar, considera que o Relatório de Síntese da primeira sessão do Sínodo é um “documento aberto”, “que interpela” e que “levanta desafios”. E, recordando o discurso do Papa Francisco no cinquentenário da instituição do Sínodo, afirma que o Sínodo é a grande etapa seguinte do Concílio Vaticano II.

“O que me parece importante sublinhar no Sínodo é sublinhar o famoso discurso do Papa Francisco em 2015 no cinquentenário da instituição do Sínodo que merece ser relido também como o documento da Comissão Teológica Internacional. Nesse enquadramento parece-me que o Sínodo é o grande passo, a grande etapa seguinte do Concílio Vaticano II. Vejo cada vez mais sobretudo na centralidade do povo de Deus, na Igreja mistério e povo de Deus e, por isso, conduzida por Deus, uma grande sintonia com o Sínodo e com o caminho da Igreja. E penso que seja o Espírito Santo o autor destas sintonias”, declara o sacerdote.

A Assembleia Mundial “Párocos pelo Sínodo” recolheu a reflexão de mais de 200 párocos em ritmo de oração, de escuta e de partilha de experiências. De Portugal, para além do padre António Bacelar, da diocese do Porto, que esteve no encontro a convite da Secretaria Geral do Sínodo, estiveram presentes por indicação da Conferência Episcopal Portuguesa o padre Sérgio Leal, da diocese do Porto e o padre Adelino Guarda da diocese de Leiria-Fátima.

As conclusões desta grande assembleia de párocos de todo o mundo serão contributo relevante para a elaboração do Instrumentum Laboris, o documento de trabalho para a segunda sessão da XVI Assembleia Geral do Sínodo dos bispos do próximo mês de outubro.

Rui Saraiva em Vatican News

“A Secretaria Geral do Sínodo deveria promover um processo de aplicação do Sínodo”

21 maio 2024

O padre Sérgio Leal assinala que será importante que as igrejas locais voltem às comissões e assembleias sinodais “agora já não para fazer um novo processo de escuta, mas para aplicarmos em discernimento comunitário”, refere.

Neste tempo de preparação para a segunda sessão da XVI Assembleia Geral do Sínodo dos bispos, o padre Sérgio Leal, especialista em sinodalidade, tem sido nossa companhia desde o inicio do processo, analisando o caminho percorrido.

Discernimento comunitário e a participação de todos

Segundo o sacerdote, o Papa ao ter prolongado por dois anos a assembleia sinodal e ao dar tempo até 2025 para que decorra o trabalho dos vários grupos de estudo dos Dicastérios da Cúria Romana, dá um sinal claro de querer que a sinodalidade não se reduza a um evento, mas seja modo de ser Igreja. Com discernimento comunitário e a participação de todos.

“O Papa tem dado claros sinais daquilo que é o seu entendimento da sinodalidade. Uma sinodalidade que não se reduz a um evento ou a um encontro, mas que é processo e modo de ser Igreja. Este prolongar do Sínodo é dizer à Igreja que no seu modo de atuar deve estar permanentemente em Sínodo, o que não significa estar permanentemente em Roma numa assembleia ou em eventos sinodais, mas viver este estilo eclesial. Que implica um discernimento comunitário, a participação de todos, que reclama um ministério de presidência da comunidade, seja na paróquia, seja na diocese, capaz de liderar o processo sinodal ao jeito de Jesus Cristo que consegue envolver os doze (apóstolos) e também manter o claro sinal daquilo que é a sua missão de Filho enviado por Deus. Que é aquilo que acontece também na família: é chamada a viver em comunhão, em unidade e na partilha de vida quotidiana, mas os papéis não se podem confundir, o pai é pai, a mãe é mãe, os filhos têm a missão de ser filhos, mas partilham da mesma mesa e ideias. E sabemos como é tomada de decisão em família, cabe ao pai e à mãe tomar as decisões, mas também lhes cabe partilhá-las com os filhos. É esta Igreja sinodal que se constrói ao jeito da família e desta família que até podia ser laboratório de sinodalidade”, revelou.

Por um processo de aplicação do Sínodo

Para o padre Sérgio Leal, depois da segunda sessão da assembleia sinodal em Roma, a Secretaria Geral do Sínodo deveria promover um processo de aplicação do Sínodo.

“O pior que nos podia acontecer era que terminada a assembleia sinodal (em Roma) fazer-se a exortação pós-sinodal e ser de modo livre a aplicação do Sínodo. A Secretaria Geral do Sínodo deveria promover um processo de aplicação do Sínodo. Isto é, assim como houve uma fase de escuta inicial onde se envolveu todas as igrejas locais e as comunidades, deveria haver um momento posterior onde voltávamos aí. E creio que o exercício proposto pela Secretaria Geral do Sínodo deveria ser evidente: partirem da escuta que fizeram e dos desafios que foram lançados pela assembleia e voltar a essas comissões e assembleias sinodais, agora já não para fazer um novo processo de escuta, mas para aplicarmos em discernimento comunitário, até porque as comunidades foram exercitadas neste dinamismo sinodal, dizerem como é que podemos ser Igreja sinodal em missão aqui na comunidade em que estamos.

O sacerdote sublinha os diferentes ritmos de vivência e de entendimento do Sínodo nas comunidades. Recorda que nas várias ações de formação que fez nas dioceses de Portugal, muitas vezes, ouviu este comentário: “agora é que devíamos fazer a assembleia sinodal porque percebemos o que é a sinodalidade”.

“Este processo sinodal conheceu diferentes ritmos em Portugal. Em virtude do meu estudo ser sobre a sinodalidade, eu tive a graça e o privilégio de percorrer várias dioceses do país, quer com padres, quer com assembleias diocesanas e percebi os diferentes ritmos e comunidades que me diziam ‘agora é que devíamos fazer a assembleia sinodal porque percebemos o que é a sinodalidade’. Portanto, há aqui diferentes ritmos neste processo sinodal. E eu creio que o maior erro pode ser o de achar que terminada a escuta diocesana dizer que isto agora é com Roma. Agora é com a Secretaria Geral do Sínodo. Este período não devia ter significado para nós dioceses, para a Conferência Episcopal, para as comunidades, esperar para ver o que Roma vai dizer. Nós fizemos uma escuta local, houve paróquias que não aderiram, certo, é compreensível, houve dioceses onde o trabalho de escuta sinodal não foi tão grande, também é percetível e compreensível, mas agora não deviam ter parado isso. Se há uma síntese que tiveram que enviar para a Conferência Episcopal, então que isso seja a base de trabalho. Há uma síntese nacional então que seja a base de trabalho para a Conferência Episcopal em Portugal. Isto é, fazer deste tempo de Sínodo, um tempo de Sínodo aqui. Roma está a trabalhar, aguardamos os seus ecos, como o Relatório de Síntese (da primeira sessão) que é um bom Relatório com questões em aberto e propostas que deviam voltar às comunidades e não apenas para respondermos outra vez ao Sínodo, mas para respondermos aqui à nossa realidade concreta. E tanto mais necessitamos, quanto mais temos, tantas vezes, um discurso pessimista sobre a pastoral em Portugal, quando dizemos que a evangelização encontra tantas dificuldades e que a secularização invadiu a Igreja. Mas temos ainda capacidade de mobilização como vimos com a Jornada Mundial da Juventude, que podia ter sido um laboratório de sinodalidade, não só a Jornada em si, mas o caminho que fizéssemos depois com os jovens, com as famílias de acolhimento, de voltarmos a envolver essa gente agora para o processo sinodal”, declarou o sacerdote.

É tão importante uma Rede Sinodal

Viver o Sínodo é partilhar as experiências em Igreja, criar sinergias e pontos de comunicação e encontro. O padre Sérgio Leal sublinha a importância da existência de uma rede sinodal, numa clara alusão à recentemente criada Rede Sinodal em Portugal que nasceu a 6 de janeiro de 2024, na Epifania do Senhor, para manifestar a esperança no caminho sinodal. E uma rede serve para que não tenhamos que fazer todos a mesma coisa, mas possamos fazer a mesma coisa juntos”, disse o sacerdote.

“Daí que seja tão importante uma Rede Sinodal para que também não tenhamos que fazer todos a mesma coisa, mas possamos fazer a mesma coisa juntos, que possamos partilhar experiências. Quão bom seria que as várias dioceses, tendo esta oportunidade de uma Rede Sinodal pudessem partilhar as boas práticas que vão acontecendo, os sinais positivos dos eventos sinodais que foram realizando. Também as dificuldades, porque ajudaria a perceber que afinal não estamos sozinhos: houve um evento sinodal onde envolveram a catequese da adolescência, a pastoral juvenil a pastoral familiar e resultou bem, porque não perceber como é que pode ser feito aqui? E esta partilha de experiências seria uma riqueza. Nós não nos podemos esquecer que a partilha é muito evangélica e deveríamos exercitá-la nesta dimensão pastoral”, sublinhou.

As sínteses nacionais estão a chegar à Secretaria Geral do Sínodo e serão um contributo essencial para a elaboração do Instrumentum Laboris, o documento de trabalho para a segunda sessão da XVI Assembleia Geral do Sínodo dos bispos do próximo mês de outubro.

Rui Saraiva em Vatican News

Foto: Vaticano

Conselheiro do Papa fala na existência de "resistências" ao sinodo, "não só em Portugal"

13 maio 2024

O cardeal Jose Omella, cardeal-arcebispo de Barcelona, preside à Peregrinação Aniversária das Aparições de Fátima e falou sobre o sínodo dos bispos, perante uma questão se "sente que o Papa Francisco quer manter a dinâmica sinodal depois de outubro e estar em todo o Jubileu de 2025.

«O Sínodo foi impulsionado pelo Papa, mas há muitas resistências. Não só em Portugal e Espanha, mas em todo o mundo. Eu digo ao Papa e ao secretário do Sínodo, cardeal Grech, e ao relator, o cardeal Hollerich, aprendam com o exemplo do aragonês que circulava com um burrito no caminho de ferro (…) e o comboio que vinha atrás apitava, para que ele se desviasse. E dizia o aragonês, “apita, apita… se não mudas tu eu também não mudo”. Digo ao Papa “siga”, porque depois, todos agradeceremos. Porque voltar ao Sínodo é voltar à Igreja primitiva, ao evangelho, ao Concilio Vaticano II. Todos somos batizados, povo de Deus e todos temos a responsabilidade de evangelizar o mundo. Não só o bispo e os sacerdotes, mas todo o povo de Deus. E custa tanto caminhar assim! (…) Creio que se formos juntos, nos escutarmos e juntos empreendermos a missão de transformar o mundo, conseguiremos.

O que o Papa começou, não tem como voltar atrás. Há quem diga “quando ele morrer, vem outro Papa e pronto”. Primeiro temos de ver se essa é a vontade do Espírito Santo. O Espírito Santo é que escolhe o Papa. Votam os cardeais, mas às vezes o Espírito Santo pega-lhes na mão e escolhe o que eles não pensavam. O Espírito Santo dá-nos sempre o Papa de que necessitamos naquele momento. (…)

Caminhar juntos num mundo de divisões, de polarização. Que a Igreja seja símbolo de união. E a comunhão é um bem para a Igreja, para o mundo, para a humanidade. E quando ele fala em não descartar nada, de acolher os migrantes, de olhar e programar tudo desde os pobres… é uma mensagem de futuro. Não deixar os que perdem a esperança, os pobres. Nós temos a tendência de ver a sociedade como o “meu” grupo, os do “meu” pensamento e os do “meu” partido. E outros, são descartados. O Papa diz “abramos as portas” e demos esperança ao mundo. Este é o caminho sinodal, o evangelho e o anuncio que fez Jesus. (…) O Papa disse que um dos motores que o pode fazer avançar o Sínodo são os párocos e as paróquias. E convocou um encontro com párocos de todo o mundo. Captaram o que é o Sínodo e agora dizem às conferências episcopais para seguir adiante, com todos, em cada diocese, para converter os sacerdotes em apóstolos do Sínodo. O Sínodo não é uma assembleia, é um caminho de fraternidade para evangelizar.

O Papa não põe limites à providência. Se tiver anos, segue. Porque tem uma vontade louca de continuar. Vejam só que agora, em setembro, vai ao outro lado do mundo, aos antípodas. O Papa não está bem das pernas, mas a cabeça e o coração funcionam mais rápido que os nossos. Tem vontade de continuar até 2033, Jubileu do ano da Redenção. Eu digo-lhe, “cuidado que o podem envenenar, você aguente” … Estou a brincar, mas sim, sim, ele tem muita vontade de impulsionar o trabalho.»

Foto: Arlindo Homem
Foto: Ricardo Perna

Sínodo: bispos de Portugal promovem reflexão sobre Relatório de Síntese

18 janeiro 2024

Em comunicado, a Conferência Episcopal Portuguesa pede às dioceses para darem especial atenção a alguns dos 20 números do Relatório de Síntese. Focamos aqui a nossa atenção sobre 3 desses assuntos indicados pelos bispos portugueses. Ver mais

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